quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A BRINQUEDOTECA COMO ELEMENTO FACILITADOR DE APRENDIZAGEM: uma análise da experiência dos educadores da Educação Infantil na Escola Frei Tadeu em Impe

1 INTRODUÇÃO


Este trabalho visa relatar os dados obtidos através da realização de uma pesquisa sobre o tema A brinquedoteca como elemento facilitador da aprendizagem realizada na escola Municipal Frei Tadeu na Educação Infantil, com o objetivo de coletar dados a respeito da importância do lúdico como facilitador da aprendizagem. Sendo que outra parte da pesquisa foi realizada através de dados bibliográficos onde se destacam os autores: Huizinga, Kishimoto, Maluf, Negrine, Vygotsky entre outros.
O espaço destinado ao aprender brincando, que é a brinquedoteca, é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, principalmente na educação infantil, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento.
Independentemente de época, cultura e classe social, os jogos e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem em um mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e o faz-de-conta se confundem, apesar de a história de antigas civilizações mostrar o contrário, fazendo o brincar se transformar em pecado, isso porque nas civilizações antigas as crianças eram adultos em miniatura, eram treinadas desde cedo para serem adultos fortes e desenvolverem papéis que só cabia aos adultos.
A medida em que o tempo foi passando e os conceitos de evolução foram se transformando, as crianças passaram a ser tratadas como crianças e mudanças aceleradas em que vivemos, somos sempre levados a adquirir competências novas, pois é o individuo a unidade básica de mudança. A utilização de brincadeiras e jogos no processo pedagógico faz despertar o gosto pela vida e leva as crianças a enfrentarem os desafios que lhe surgirem.
Por sua grande importância para o desenvolvimento integral da criança, é de grande importância que se dê uma maior atenção para o brincar, os jogos, as brincadeiras, e deve fazer parte do currículo escolar da Educação Infantil, sendo assim trabalhado de uma maneira correta, enriquecendo as experiências pedagógicas das crianças.
A brinquedoteca colabora em todas as áreas do conhecimento como a Matemática, Língua Portuguesa, Artes, etc., isso porque proporciona às crianças um maior rendimento cognitivo. Colabora para formação de educandos com uma maior capacidade de expressão de sentimentos e interação com diferentes grupos, criatividade, facilidade de resolução de problemas do cotidiano, maior consciência crítica diante de atitudes de competição

Assim sendo, o objeto do presente trabalho é a importância da brinquedoteca como elemento facilitador da aprendizagem uma análise da experiência dos educadores da Educação Infantil na Escola Frei Tadeu em Imperatriz-MA.
. Enquanto que seu objetivo é demonstrar que a brinquedoteca pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento da criança, auxiliando não só na aprendizagem, mas também no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento.
O elemento norteador foi o seguinte problema: qual a importância da Brinquedoteca na aprendizagem das crianças da Educação Infantil na Escola Frei Tadeu em Imperatriz-MA?
A pesquisa de campo demonstra que apesar da escolar possuir uma brinquedoteca os professores ainda sentem dificuldades em trabalhar com seus alunos, alegam que precisam de mais treinamento e cursos que venham a beneficiá-los, coisa que não está acontecendo na referida escola, desejo de fazer um bom trabalho todos têm, mas às vezes faltam até mais materiais pedagógicos para complementar as aulas dadas em sala de aula.
O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: abordam-se os aspectos históricos da brinquedoteca, sua trajetória ao longo dos anos, através de alguns autores é dada a definição de brinquedoteca. Aqui a brinquedoteca é vista como um espaço para brincar e aprender cita também quais os seus objetivos e os recursos que devem existir dentro da brinquedoteca que auxiliem o professor e o educando no ensino-aprendizagem. Relata ainda a importância da brincadeira no desenvolvimento da criança e o jogo como elemento indispensável para o aprender. O capítulo seguinte mostra a pesquisa de campo. Por fim a conclusão e as referências.






2 BRINQUEDOTECA: ASPECTOS HISTÓRICOS



De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959), "[...] a criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito."
Para Kishimoto (1996, p. 78), no século passado, o vocábulo "Kindergarden" que corresponde ao jardim de infância, foi adotado por Froebel para distinguir instituições que adotavam o tipo francês de escola maternal que objetivava educar e prestar assistência preferencialmente à criança pobre. Os americanos geralmente fazem distinção entre escola maternal como instituição para crianças de 2 a 4 anos e jardim de infância destinado ao público infantil de 4 a 6 anos. No Brasil, os jardins de infância utilizam uma teoria destinada a educação das crianças e as escolas maternais são destinadas a prestar assistência.
Nos anos 70, houve uma expansão das creches, devido a movimentos sociais, quando surgiram questionamentos sobre as instituições infantis, colocando o brincar como proposta na educação de crianças em idade pré-escolar.
A brinquedoteca surgiu da valorização do brinquedo, tendo como objetivos básicos o empréstimo de brinquedos e a criação de espaços destinados à exploração lúdica. A brinquedoteca passou a ser conhecida e mais amplamente divulgada na Europa, a partir dos anos 60 e no Brasil em 80, estimulando instituições a destinarem a atenção ao brincar.
Segundo Negrine (1997, p. 89), a brinquedoteca está sendo considerada como uma das formas inovadoras atuais de pensar pedagógico, devido o reconhecimento da importância da inclusão das atividades lúdicas no processo de desenvolvimento do indivíduo.
Nos países de língua inglesa estes espaços são chamados de "Toy-Library" (biblioteca de brinquedo), nos países de língua francesa "Ludothèque", "Lekoteks" na Suécia e no Brasil Brinquedoteca ou Ludoteca.
Friedmmann (1998, p.98), a primeira brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles, nos E.U.A., época da depressão americana quando o proprietário de uma loja de brinquedos reclamou ao diretor da escola municipal que as crianças estavam roubando brinquedos de sua loja. O diretor concluiu que isto estava ocorrendo porque as crianças não tinham brinquedos para brincar. Assim iniciou-se um trabalho que até hoje existe, em Los Angeles, que objetiva o empréstimo de brinquedos e que é chamado Los Angeles Toy Loan.
Em 1963, a Suécia inaugura a sua primeira brinquedoteca, em Estocolmo, organizada por professoras, com o objetivo de orientar e realizar empréstimo de brinquedos a famílias com filhos excepcionais visando estimular o brincar.
A partir de 1967, surge na Inglaterra as primeiras Toy Libraries (bibliotecas de brinquedos) com o objetivo de conceder empréstimo domiciliar de brinquedos aos seus usuários, as crianças. Graças principalmente aos eventos como o II Congresso Internacional de Brinquedotecas, em 1981, em Estocolmo, Suécia; 1987 – Congresso Internacional de Toy Libraries (Toronto-Canadá) e em 1990 V Congresso Internacional de Brinquedotecas realizado em Turim, Itália, e 1993 Encontro Mundial sobre o brincar em Melbourne, Austrália, o movimento de brinquedotecas ganha o mundo.
Além destes países citados, África do Sul, Argentina, Bélgica, Canadá, China, Coréia, Finlândia, França, Grà-Bretanha, Itália, Hungria, Islândia, Índia, Israel, Irã, Japão, Jordânia, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Suiça, República da Irlanda também implantaram suas brinquedotecas, com a finalidade de empréstimo, entretenimento e desenvolvimento da criança que, embora com denominação e funções distintas, mas com o mesmo espírito de trabalho baseado no amor pelas crianças e o reconhecimento da importância das atividades lúdicas.
Segundo Santos (1995, p.125), em 1973 foi instituída a Ludoteca da APAE/Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais-São Paulo, prestando seus serviços através do rodízio de brinquedos entre as crianças. Em 1981, a Escola Indianápolis, em São Paulo, cria a primeira brinquedoteca brasileira, com características relacionadas as necessidades específicas das crianças brasileiras, priorizando o ato de brincar, realizando empréstimo de brinquedos e dando assistência direta à criança. Em 1985, com a criação da Associação Brasileira de Brinquedotecas houve uma expansão quanto a criação de brinquedotecas no nosso país.
Até 1995 o Brasil contava com aproximadamente 180 brinquedotecas, em diferentes estados, de vários tipos e funções. A Associação Brasileira de Brinquedotecas/ABB é uma entidade sem fins lucrativos, instituída por professores e profissionais da área de educação. Entre os objetivos da ABB estão o assessoramento as pessoas e instituições que desejam instalar brinquedotecas, estabelecer parceria com pesquisadores e instituições com interesse neste assunto, promover e incentivar o desenvolvimento de pesquisas na área, oferecer cursos e treinamento aos brinquedistas.
De acordo com Cunha (1997, p. 98), a diferença fundamental entre as "Toy Libraries" e a brinquedoteca brasileira é que no nosso país, sua atividade principal não é o empréstimo de brinquedos. Para esta autora, a brinquedoteca é um espaço que têm a finalidade de propiciar estímulos para que a criança possa brincar livremente, por algumas horas diárias. A sua importância e o reconhecimento do seu papel na área de educação têm crescido portanto, pode-se considerar a brinquedoteca como um agente de mudança em relação ao aspecto educacional. A brinquedoteca proporciona uma nova visão sobre a atividade infantil e constitui-se em um exemplo vivo da valorização das atividades lúdicas infantis. Além disso, a brinquedoteca objetiva respeitar as necessidades de afetividade, promove o respeito e minimiza a influência dos métodos educacionais muito rígidos, proporciona o direito de ser criança, enquanto desenvolve as capacidades infantis com espontaneidade e criatividade.
Segundo Friedmann(1998, p.132), no ano de 1982, em Natal, Rio Grande do Norte surge a primeira brinquedoteca daquele estado, através da iniciativa de uma professora de excepcionais. A Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo inaugura a sua brinquedoteca em 1985 vinculada ao LABRIMP.
O LABRIMP (Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos), vinculado a Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo possui, além da Oficina de criação de brinquedos, uma biblioteca, o museu do brinquedo e uma brinquedoteca contendo os cantinhos especiais, visando favorecer as brincadeiras através do mundo do faz de conta.
Os brinquedos estão dispostos em cantos temáticos, visando estimular a livre expressão das crianças, representação do imaginário, interação social, estruturação da
personalidade e desenvolvimento da linguagem.
Em 1996 a brinquedoteca da Escola Municipal Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, foi implantada, através de um projeto realizado pelas educadoras Edith Lacerda, Maria do Carmo Cardoso e Nathercia Lacerda (Equipe Veredas). O objetivo do trabalho é a criação e construção de brinquedos com os alunos da própria escola, onde o brinquedo e a criança assumem papel central no resgate à brincadeira da cultura brasileira através, principalmente da utilização de materiais recicláveis.
A Brinquedoteca Carretel da Folia também é um espaço que possibilita a pesquisa sobre o Brasil e suas raízes culturais. Além da brinquedotecas já citadas, outras também estão marcando sua trajetória em prol do desenvolvimento global da criança, através das propostas e objetivos específicos por exemplo: Brinquedoteca da Fundação Catarinense de Educação Especial/Florianópolis, Brinquedoteca da Pastoral da Criança, Brinquedoteca do SESI/Ijuí, Brinquedoteca Espelho Mágico do SESC/Alegrete e Rede de Brinquedotecas da LBV (Legião da Boa Vontade).


2.1 O que é brinquedoteca


Oded Grajew (1998), Presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, conceitua brinquedoteca como o espaço destinado as crianças para brincar, resgatar brincadeiras e que propicia que uns compartilhem com os outros os momentos de alegria. A brinquedoteca permite a todas as crianças o livre acesso aos brinquedos e possibilita socializar o seu uso bem como oferece à criança o retorno do seu direito de ser criança.
A Associação Brasileira de Brinquedotecas conceitua brinquedotecas como espaços mágicos destinados ao brincar das crianças e alerta para o fato de que não podem ser confundidas com um conjunto de brinquedos ou depósito de crianças pois a criação de uma brinquedoteca está sempre ligada a objetivos específicos tais como sociais, terapêuticos, educacionais, lazer, etc.
Segundo Santos (1995, p.78), a brinquedoteca nasceu no século XX e é uma nova instituição que garante, à criança, um espaço que facilite o ato de brincar. Este espaço se caracteriza pela existência de um conjunto de brinquedos, jogos e brincadeiras e oferece aos seus usuários um ambiente agradável, alegre e colorido onde a importância maior é a ludicidade que os brinquedos proporcionam. É um ambiente criado especialmente para a criança e que possui como objetivos principais o estímulo a criatividade, o desenvolvimento da imaginação, da comunicação e da expressão bem como incentivar a brincadeira do faz-de-conta, a dramatização, a construção, a solução de problemas, a socialização e o desejo de inventar.
A Brinquedoteca coloca ao alcance da criança, inúmeras atividades que possibilitam a ludicidade individual e coletiva permitindo que ela construa seu conhecimento próprio.
Para Cunha (1997, p. 98), a brinquedoteca é o espaço destinado a estimular um brincar livre. Em linhas gerais pode-se definir brinquedoteca como uma nova forma de aprender brincando, muito embora o termo brincadeira signifique assunto sério.
Segundo Friedmann (1998, p.76), brinquedoteca é um espaço especialmente preparado para que a criança seja estimulada a brincar, através do acesso a uma variedade de brinquedos, dentro de um ambiente lúdico. É um espaço que convida a sentir, experimentar e explorar.
De acordo com Santos (1997), a brinquedoteca é um espaço que oferece condições para a formação da personalidade e é onde são cultivadas a criatividade e a sensibilidade. Na brinquedoteca, as crianças são livres para descobrir novos conceitos, realizar experiências, criar seus próprios significados ao invés de apenas assimilarem os significados criados por outras pessoas.
Para Alencar (1996, p.97), a criatividade está relacionada aos processos de pensamento e diz respeito a uma disposição para pensar diferente e brincar com idéias.
Segundo Almeida (1997, p. 54), a brinquedoteca é um espaço para liberdade, alegria e resgate do brincar.
Para Cunha (1994, p. 67), a brinquedoteca é um espaço instituído com a finalidade de possibilitar a brincadeira. É um local onde crianças brincam livremente e recebem estímulo para a manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas.
De acordo com Solé (1992, p.145), brinquedoteca é um local onde as crianças obtêm brinquedos por empréstimo ou onde pode brincar no próprio local, com o apoio de um ludotecário.
As brinquedotecas inicialmente foram criadas para o empréstimo de brinquedos e evoluíram conforme as necessidades dos países e a partir desta expansão passaram a prestar uma diversidade de serviços.
Para Negrine (1997, p.145), a brinquedoteca pode ter várias finalidades quanto ao aspecto lúdico, por exemplo: brinquedotecas especializadas que apenas se ocupam do empréstimo de brinquedos; outras, por sua vez, também especializadas para atender crianças na primeira infância; outras destinadas a atender o público infantil ou adolescentes, como também brinquedotecas para adultos ou pessoas da terceira idade, desde que os espaços estejam organizados conforme as necessidades dos usuários. As brinquedotecas destinadas as crianças podem ter várias funções, entre elas, a pedagógica, social, de comunicação e de bairro. No que se refere a brinquedoteca infantil, pode-se afirmar que, ao jogar a criança constrói conhecimento pois o jogo possibilita a transformação dos processos mentais elementares em superiores. O brincar propicia criação e recriação.
De acordo com Santos (1995, p.65), as brinquedotecas são classificadas em relação a diversos fatores tais como situação geográfica, cultura e tradição, sistema educacional adotado, espaços e materiais disponíveis e os serviços prestados porém independentemente do tipo, o fator primordial é o aspecto lúdico o qual assegura o direito da criança de brincar.
Para Santos (1997, p.146), todas as brinquedotecas possuem como objetivo o desenvolvimento das atividades lúdicas e a valorização do brincar, independentemente do tipo e local onde estejam instituídas, ou seja, numa escola, num hospital, num bairro, numa clínica ou numa universidade. A brinquedoteca mostra o perfil da comunidade que lhe deu origem, tendo cada uma função estabelecida, onde o acervo de jogos e brinquedos são utilizados para atingir as finalidades propostas.





























3 BRINQUEDOTECA: UM ESPAÇO PARA CRIANÇA BRINCAR E APRENDER




A Brinquedoteca é um espaço na escola que é destinado a estimular crianças e jovens a brincarem livremente, pondo em prática sua própria criatividade e aprendendo a valorizar as atividades lúdicas e com isso desenvolver um aprendizado de forma saudável.
De acordo com RODARI (1982, p.67), por meio das brinquedotecas avaliamos nas crianças o seu desenvolvimento, através do acompanhamento, da observação diária, no que se refere a socialização, a iniciativa, a linguagem, ao desenvolvimento motriz e buscamos através das atividades lúdicas o desenvolvimento das suas potencialidades.
Para SANTOS (1997, p. 78),

Uma brinquedoteca não significa apenas uma sala com brinquedos, mais em primeiro lugar, uma mudança de postura frente à educação. É mudar nossos padrões de conduta em relação à criança; é abandonar métodos e técnicas tradicionais; é buscar o novo, não pelo modernismo, mas pela convicção do que este novo representa; é acreditar no lúdico como estratégia do desenvolvimento infantil.

Portanto a brinquedoteca tem como proposta o brinquedo, o objeto, sua necessidade é de ampliar e preservar as possibilidades de vivência do lúdico gerando com isso a aprendizagem de forma prazerosa, pois ela é um espaço alegre, colorido, diferente, onde crianças e jovens soltam a sua imaginação, sem medo de serem punidas e cobradas.
A Brinquedoteca pode ter várias funções: pedagógica, social e comunitária.
Oferecer possibilidade de bons brinquedos e ao mesmo tempo, brinquedos de qualidade é a função pedagógica da brinquedoteca, brinquedos esses que possibilitem as crianças e jovens de famílias economicamente menos favorecidas possam fazer uso de brinquedos e essa é a sua função social.
Favorecer crianças e jovens que jogam em grupos, a aprenderem a respeitar as pessoas, a colaborarem com elas, a receberem ajuda, a tentar compreendê-las, é a função comunitária.
Uma Brinquedoteca pode ter diferentes finalidades no âmbito lúdico, como por exemplo: brinquedotecas especializadas em atendimento a crianças da primeira infância, outras somente para empréstimos de brinquedos.
Podemos dizer que é uma oficina de criação lúdica, onde crianças e jovens experimentam, conhecem, exploram e manipulam diversos brinquedos, construindo assim seu próprio conhecimento, desenvolvendo autonomia, criatividade e liberando suas fantasias.
O mundo de brinquedos é a primeira idéia que surge para quem entra na brinquedoteca, isso porque existem brinquedos variados, novos, usados, brinquedos de madeira, plástico, metal, pano, aquele da propaganda, um que nossos pais brincavam, ou aquele tão desejado. Brinquedos que vão realizar sonhos, desmistificar fantasias ou simplesmente estimular a criança a brincar livremente e com isso venha descobrir por si só que além do brincar vem o aprender.
Quando uma criança entra na brinquedoteca, deve ser tocada pela expressividade da decoração, pela alegria e a magia do espaço, pois lá é um ambiente para estimular a criatividade, deve ser preparado de forma criativa, com espaços que incentivem a brincadeira de “faz de conta”, a construção de brinquedos, a socialização e conseqüentemente a aprendizagem.
A brinquedoteca tem a capacidade de envolver e abre para todos: crianças, jovens e adultos, uma possibilidade de decifrar enigmas que os rodeiam. A brincadeira é o momento sobre si mesmo e sobre o mundo, dentro de um contexto de faz-de-conta. Nas escolas isto é comumente esquecido o investimento para essa metodologia de aprendizagem ainda é muito pouca.
Na maioria das escolas não há lugar para o desenvolvimento global e harmonioso em brincadeiras, jogos e outras atividades lúdicas. Ao chegar à escola a criança é impedida de assumir sua corporeidade, passando a ser submissa através de horas que fica imobilizada na sala de aula.
Santos (1997, p.89) diz:

Se a escola não atua positivamente, garantindo possibilidades para o desenvolvimento da brincadeira, ela ao contrário, age negativamente impedindo que esta aconteça. Diante desta realidade, faz-se necessário apontar para o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira como atividade social da infância. Considerando que a brincadeira deva ocupar um espaço central na educação , entendo que o professor é figura fundamental para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo material e partilhando das brincadeiras.


Fica claro que devemos ter espírito aberto ao lúdico, reconhecer a sua importância enquanto fator de desenvolvimento da criança e perceber que o brincar deve ocupar um espaço central na educação.
A Brinquedoteca Escolar oferece condições para favorecer o processo de aprendizagem, através da utilização dos recursos lúdicos disponíveis em seu acervo tornando o processo mais atraente, dinâmico e prazeroso, desenvolvendo as múltiplas inteligências dos alunos, assegurando experiências de sucesso no ambiente escolar.
A brinquedoteca é um espaço de aprendizagens significativas, prazerosas e cooperativas. A criança aprende pelo manuseio de materiais, de cores, de tamanhos, de formas, de sons, de texturas e resistências diferentes. Com a riqueza do material lúdico e de sucata, reconhece, identifica as semelhanças e diferenças, abstrai, classifica, simboliza. Um ambiente lúdico tão rico, com certeza contribuirá para o desenvolvimento de experiências de sucesso no espaço escolar possibilitando à criança a oportunidade de desenvolver a iniciativa, a autonomia e enriquecer as interações sociais.


3.1 Objetivos da brinquedoteca


Sendo a brinquedoteca um espaço privilegiado onde auxilia o professor e o aluno no ensino-aprendizagem é também para:
Criar um espaço de convivência que propicie interações espontâneas e prazerosas;
Desenvolver habilidades criativas, expressivas e motoras através de atividades lúdicas;
Criar um espaço democrático de acesso ao brinquedo, jogos e brincadeiras, permitindo formas de expressão livre e de representação do mundo, na visão da própria criança, através de um atendimento não direcionado, tendo os educadores como "mediadores" das suas brincadeiras e construções imaginadas;
Promover a utilização do objeto lúdico enquanto atividade facilitadora do desenvolvimento cognitivo global da criança;
Proporcionar um equilibrado desabrochar da personalidade da criança para que venha a ser um adulto livre, lúcido, crítico e interveniente;
Promover a liberdade de expressão nas suas diferentes vertentes;
Proporcionar níveis equilibrados de convivência;
Ensinar 'jogando' regras de civismo e convivência;
Descobrir laços culturais entre diversos grupos;
Incentivar a troca de vivências e/ou experiências de modo a que se desencadeie um maior enriquecimento cultural;
Possibilitar a todos os alunos o acesso ao jogo, aos brinquedos e as brincadeiras.

3.2 A brincadeira e o desenvolvimento da criança


Desde o começo dos tempos que a brincadeira faz parte do descobrir da criança, pois é através do brincar que a criança passa a descobrir um novo cheio de oportunidades e essa relação da brincadeira e o desenvolvimento da criança permite que se conheça com mais clareza importantes funções mentais, como o desenvolvimento do raciocínio da linguagem.
Vygotsky (1999, p. 89) revela como o jogo infantil aproxima-se da arte, tendo em vista necessidade da criança criar para si o mundo às avessas para melhor compreendê-lo, atitude que também define a atividade artística.
Sendo a brincadeira resultado de aprendizagem, e dependendo de uma ação educacional voltada para o sujeito social criança, podemos então acreditar, que adotar jogos e brincadeiras como metodologia curricular, possibilita à criança base para subjetividade e compreensão da realidade concreta.
É preciso que os professores se coloquem como participantes, acompanhando todo o processo da atividade, mediando os conhecimentos através da brincadeira e do jogo, afim de que estes possam ser reelaborados de forma rica e prazerosa.
A brincadeira é uma forma de divertimento próprio da criança, é uma atividade natural que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer.
A brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares, de forma expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela criança de forma espontânea.
Na opinião de SANTOS (2000, p. 18):

O brincar da criança tem um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano, como maturação e aprendizagem, embora com enfoques diferentes. Dois aspectos sobressaem no estudo dos jogos: sua estrutura e o seu conteúdo. Quanto à estrutura, nem toda atividade da criança pode ser considerada jogo, pois para que ela se configure como tal, deve pressupor uma representação simbólica. E essa representação pressupõe o estabelecimento de regras que a criança se impõe para representar os personagens que ela incorpora.


Necessário, portanto que se permita a criança viver a brincadeira, pois com ela o aprendizado vai acontecer de forma mais fácil. Brinquedos oportunizam e favorecem a fantasia. A criança coloca no objeto com que está brincando o significado que ela deseja no momento.


3.4 A importância do brinquedo para criança de Educação Infantil


No dia-a-dia o brinquedo é visto como uma forma usual de divertimento, uma maneira de entreter a criança enquanto os pais fazem suas atividades habituais, é uma forma de distrair a criança enquanto os adultos cumprem com sua rotina.
Segundo o estudioso holandês JOHAN HUIZINGA (1980, p. 89),


Não se brinca a não ser por iniciativa própria ou por livre adesão. Um brinquedo obrigatório perde o caráter de brinquedo; é, evidentemente, outra coisa qualquer. O brinquedo é definido pelo próprio participante como fictício, como não real, como estranho à vida efetiva (é de brincadeira, não é a sério); todavia, é capaz de absorver inteiramente o indivíduo, que se afasta da realidade.


Faz-se necessário, portanto que esse brinquedo oferecido à criança seja um brinquedo que a desperte para novas descobertas e com essas descobertas venham o conhecimento e aprendizagem.
Não há um brinquedo sem as regras do jogo. HUIZINGA menciona, por fim, um último caráter que se refere à sociabilidade da atividade lúdica. A maior parte dos brinquedos tem caráter coletivo e a participação coletiva em um brinquedo cria determinadas ligações afetivas que são típicas e importantes.
Na opinião de SALLES (1984), os brinquedos podem suscitar na criança longos momentos de contemplação e êxtase.
O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da atenção.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que estão sendo oferecidas à criança através de brincadeiras e de brinquedos garante que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem.
Para alguns autores a brincadeira:

É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras de jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Dessa forma brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo (KISHMOTO, 1994).
Para a criança, a brincadeira gira em torno da espontaneidade e da imaginação. Não depende de regras, de formas rigidamente estruturadas. Para surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um risco no chão (VELASCO, 1996).
Segundo VYGOTSKY, a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras (BERTOLDO, RUSCHEL).
A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo (MALUF, 2003).


Como se vê, para criança o brinquedo e a brincadeira é coisa séria, é o seu mundo e a sua descoberta, descoberta que o levará a mundos desconhecidos que precisam ser vistos e o brinquedo vai proporcionar isso.

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